Esse é o título de uma produção científica
fruto de todo um trabalho desenvolvido no mestrado. Publicado pela International Journal of the History of
Sport, esse artigo faz parte de uma coleção especial do periódico sobre “Conflitos
nos Jogos Olímpicos”. O objetivo dessa coleção era de unir produções de
conhecimentos que encaixavam a forma como os Jogos Olímpicos foram e são
inseridos dentro de conflitos, sejam eles de cunho bélico ou conflitos
políticos entre as nações que compõem o quadro de membros do COI.
Desta forma, optei e desenvolvi
esse estudo, com a ajuda de meus colaboradores, não debatendo conflitos internacionais
propriamente ditos, mas sim, a forma ou a legitimidade com que o Comitê
Olímpico Internacional trata e tenta resolver tais conflitos pela grandiosidade
e emponderamento político-econômico e sociocultural que essa corporação global esportiva
possui nos dias atuais. Para isso, optamos por discutir a configuração de como
foi feita a criação da delegação dos Atletas Independentes Olímpicos (IOA) pelo
COI como uma forma legítima e paternalista (Artigo futuro) de resolver
conflitos internacionais.
Assim, as seções do artigo foram
divididas em três partes:
1- A constituição dos Atletas
Independentes Olímpicos: Não aprofundarei porque esse tema já foi publicado
aqui (http://outrafacedoesporte.blogspot.com.br/2016/07/a-diferenca-entre-os-atletas-refugiados.html)
mas a constituição dessa delegação não nacional para os Jogos Olímpicos (os
Refugiados Olímpicos também) representa uma política global do COI em resolver
conflitos das mais variadas magnitudes, desde guerras (Iugoslávia no ciclo
olímpico de 1992), processos de independência de nações (Timor Leste no ciclo
olímpico de 2000 e Sudão do Sul em 2012), e processo de não reconhecimento de
uma nação (Antilhas Holandesas em 2012). Tais conflitos descritos, afetaram
seus respectivos atletas de representarem seus símbolos nacionais e para que
tais conflitos não afetassem os atletas, reconhecendo eles como indivíduos e
não coletivos e detentores de sua autonomia, o COI permitiu a participação dos
mesmo sem uma égide nacional.
2- O COI como uma instituição internacional
na era moderna: Nessa seção e na subsequente, fizemos uma periodização
histórica do COI afim de elucidar o processo de legitimação do mesmo como um órgão,
uma corporação e outros adjetivos similares com um poder soberano em criar
políticas internacionais pacíficas por meio do esporte e de seu mega-evento sobressalente
ao de Estados-nação.
Dessa forma, no seu cerne (1894)
até a década de 1980, o COI era apenas, como afirmamos, uma instituição
internacional. Ou seja, era apenas cuidador e zelador da realização dos Jogos
Olímpicos e da manutenção de seus princípios éticos e morais (o Olimpismo),
sendo totalmente conivente e apático por tais conflitos que a era moderna
proporcionou. Os maiores exemplos são as duas Grandes Guerras mundiais e a
Guerra Fria.
3- O COI como uma corporação
global na era contemporânea: Dando sequência a periodização, essa seção
discute a reviravolta gerencial e organizacional que o COI sofreu na chamada
era contemporânea ou mais precisamente num contexto de uma nova ordem econômica
e social, a Globalização. Esse período compreende mais especificamente do ano
de 1984 (mandato de Juan Antonio Samaranch) aos dias atuais e nos evidencia que
a passagem do bastão da regulação das economias nacionais e dos mercados dos
Estados-nação para corporações internacionais (como Banco Mundial, FMI, OMS e
os blocos econômicos como União Europeia e o Mercosul), fornece um maior aporte
legitimador para tais corporações, dentre elas o próprio COI, em comandar ações
internacionais inclusive em ter uma legitimação em criar identidades,
comunidades e grupos globais, tal como os Atletas Independentes Olímpicos.
Portanto, por todo um contexto histórico
da globalização, assim como por uma necessidade do COI se posicionar politicamente
a frente de conflitos internacionais, o mesmo deixa de ser uma instituição
internacional omissa e passa a ser uma corporação global com um alto poder
econômico, político e sociocultural, possuidor de uma legitimidade em resolver
conflitos. Que neste caso específico do artigo, a ideia de cessar conflitos
viria pela constituição dos Atletas Independentes Olímpicos.
Para mais informações sobre o
estudo: http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/09523367.2017.1294581?journalCode=fhsp20.