Faço de minhas palavras as
palavras de Charles Barckley (astro da NBA na década de 90) no prefácio do
livro “Basquete Blues: Talento e Triunfo
nos guetos de Chicago” do autor Ben Joravsky, em que para cada astro do
basquete norte americano, que alcança o seu sonho de jogar na NBA, inúmeros
jogadores deixam de ir atrás de seus sonhos, totalmente iludidos pelo brilho e
a fortuna que o esporte de alto rendimento oferece.
Assim como no basquete, não
é diferente com o futebol, pois ao invés de cinco jogadores titulares, são onze
e o buraco é mais embaixo.
A Copa SP de futebol júnior
é um dos exemplos desta ilusão e é chamada de vitrine dos novos talentos do
futebol brasileiro. Será mesmo?
Analisemos da seguinte forma:
Nesta edição há 100 times de
todo o país. Suponhamos que em cada elenco desses 100 times, haja 22 jogadores.
Portanto, só nesta edição, há em média 2200 jogadores até 20 anos de idade.
Se destes 2200 jogadores de
futebol, 10% deles, ou seja, 220 jogadores alcançarem o futebol profissional seria
um número exorbitante.
Os atletas que jogam a
Copinha e depois se tornam profissionais, já são cartas marcadas antes mesmo da
competição.
Competição essa, que
democratiza o futebol por envolver times de todos os Estados brasileiros? É
justo um time do norte e do nordeste, viajar três ou quatro dias de ônibus para
chegar numa cidade do Estado de São Paulo e perder por cinco, seis ou sete a
zero, os três jogos que disputa? Os jogadores deste time irão chamar atenção de
alguém ou é o seu último contato com o futebol de desempenho?
A grande maioria desses
jogadores chega à Copinha com esperanças e ao voltar para casa se tornam
estatísticas.
A Copa SP de futebol júnior
deveria mudar de vitrine do futebol para vendedora e destruidora de sonhos.
Escrito por Tiago
Guioti
16/01/2013